Certa vez li uma frase em um livro qualquer de biografia dizendo que Evita irradiava a força de uma catarata. Achei tão bonito e tocante essa observação feita pelo seu marido, Perón. Por conta disso, achei que realizar uma visita ao Museu da Evita Perón, em Buenos Aires, seria imprescindível.

Se hoje nós mulheres já sofremos preconceito por sermos intensas, imagine naquela época. Visitar o Museu da Evita Perón é a melhor forma de conhecer de perto uma mulher totalmente a frente do seu tempo, livre e consciente do seu papel na sociedade.

Entrada do Museu Evita Perón
Entrada do Museo Evita

Quem foi Evita?

Atriz de teatro, Maria Eva Duarte nasceu na cidade provinciana de Los Toldos, em Buenos Aires. Filha de uma costureira com um estanciero, tinha 5 irmãos e mais 6, da família legítima do pai. Cresceu na pobreza sendo chamada de bastarda, porém sempre manteve vivo o seu sonho de ser uma artista.

Com o passar dos anos foi se encaminhando para sua vocação até que, com apenas 15 anos, foi para Buenos Aires tentar a carreira artística fazendo filmes e depois radionovelas. Foi quando conheceu Juan Domingos Perón, na época vice-presidente da Argentina.

Quadro de Evita com Perón
Quadro que chocou na época: um presidente sorrindo ao lado da esposa

O casal sofreu muito preconceito e ela teve que enfrentar grandes batalhas por conta da sua origem pobre e a vida artística, que a colocava perante a sociedade como uma prostituta. Acontece que, seu carisma e simpatia sempre foi algo que sobressaia em tudo, por conta disso a população pobre e migrantes de origem rural sentia uma compreensão muito forte vindo dela. Com seu jeito, movia multidões.

Museu da Evita Perón, no bairro de Palermo

Chamada de Casa Carabossa, a mansão escolhida para abrigar um dos tantos trabalhos da Fundação de Ajuda Social Maria Eva Duarte de Perón, era uma afronta a oligarquia da época, pois está instalada em Palermo, um dos bairros mais tradicionais e burgueses de Buenos Aires. Hoje ela é declarada como Monumento Histórico Nacional da Argentina.

Durante seu funcionamento, a casa onde atualmente abriga o museu era voltada para o atendimento de mulheres em situação de vulnerabilidade e de seus filhos pequenos. Ao chegar lá, eles recebiam roupas, alimentos, brinquedos e local para dormir durante o tempo que fosse necessário para o seu restabelecimento. Normalmente, em 8 dias a equipe já encontrava um trabalho que pudesse ajudar a proporcionar uma vida normal para eles.

Mansão onde funcionava um dos projetos sociais da Evita Perón
Imponente salão de entrada da mansão

Visita guiada ao Museu Evita

Durante o passeio é possível conhecer a trajetória de vida de Evita Perón, o funcionamento do seu programa de ajuda social e consequentemente, um pouco da história recente da Argentina. O espaço de visitação não é tão grande, pois no mesmo local existe o Instituto Nacional Eva Perón, tocado pelos membros de sua família. A entidade promove cursos, estudos e formação sobre diversos assuntos, entre eles a violência de gêneros.

Nas primeiras salas já é possível perceber a personalidade dela, com a exibição de vestidos usados em ocasiões ilustres e no dia-a-dia. Seu guarda-roupas era tão grande que, de tempos em tempos, o museu faz um rodízio de peças para exposição.

De lá seguimos para a exibição de fotos que contam sobre a infância e a adolescência, chegando até a fase artística, já como atriz de radionovela e militante sindical da categoria. No trajeto entre as salas, é possível perceber a imponência da arquitetura da casa, construída em 1923.

Uma grande sala ostentando uma lareira dialoga com a foto na parede, onde é possível contrapor o instante de agora com a época do abrigo, onde mães e crianças brincavam. Infelizmente não é permitido tirar fotos no local, apenas nas portas de entrada e no pátio central.

Pátio azulejado do Museo Evita
Patio interno da mansão

O tour termina contando sobre o período de 7 anos entre o relacionamento dela e seu marido, da sua importância na luta a favor dos descamisados (como ela chamava os trabalhadores) e também da sua participação ativa na conquista do voto feminino na Argentina.  

O museu optou por não contar a história e nem exibir imagens dela debilitada pelo câncer de útero, que a levou a morte com apenas 33 anos. Seu velório durou 14 dias e o corpo foi embalsamado, como contamos na matéria especial sobre o Cemitério da Recoleta, em Buenos Aires, onde enfim, depois de tantos contratempos, ela descansa em paz.

Ao invés disso, a última sala fala sobre como a sua personalidade forte fez com que ela e sua trajetória de vida se tornasse um ícone mundial, com filmes estrelado por Madonna, espetáculo na Broadway, personagem nos Os Simpsons.

Evita durante sua existência dividiu opiniões, principalmente por sua postura e posicionamento político, em uma época onde as primeiras damas eram vistas como seres decorativos ela quebrou todos os tipos de protocolos. Para ter uma ideia de como ela  ainda é uma inspiração para as novas gerações de mulheres, durante a visita uma das participantes grávida, revelou que estava ali, visitando o local, pois havia decidido que sua filha se chamaria Eva, em homenagem a ela.

Como visitar?

O museu funciona de terça a domingo e possui todos os dias às 16h uma visita guiada em espanhol, sem a necessidade de marcação prévia.  Não existe venda de ingressos pela internet, ele deve ser comprado diretamente na bilheteria. Há também uma loja com produtos da Instituto Nacional Eva Perón e um café no interior do museu.

Rua: Lafinur, 2988 – Palermo – Cidade Autônoma de Buenos Aires / Argentina
Próximo a estação de Subte Scalabrini Ortiz – Para andar de transporte público por lá é preciso obter a tarjeta Sube, saiba mais aqui.

Ficou interessado em conhecer mais sobre a história de Evita Péron? Recomendo o filme “Evita” (1996), dirigido por Juan Carlos Desanzo. Vídeo completo disponível abaixo:

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