A paixão por viajar surgiu quando criança, em viagens noturnas de trem com a família em direção ao litoral. Com o passar dos anos a necessidade de ver, sentir e explorar o mundo só foi aumentando. A pequena cidade de Focşani, no leste da Romênia já não dava mais conta de abrigar seus sonhos, foi quando Florin Slabu decidiu partir.
Com 29 anos, fala calma e olhar profundo, o jovem rapaz resolveu deixar para trás o universo corporativo e um emprego estável em uma ONG para, em contrapartida, alimentar a sua curiosidade de vida. Após algumas pequenas aventuras por países vizinhos, começou a elaborar a rota dessa que seria a sua maior proeza: viajar pelo mundo de carona.
Formado em sociologia e antropologia social, Florin já tinha os ingredientes necessários para compreender a diversidade cultural que esse trajeto lhe apresentaria, mas atravessar fronteiras sozinho fez com que ele aprendesse além de qualquer livro.
Adepto do CouchSurfing, uma rede de pessoas que abrigam gratuitamente umas as outras, ele conseguiu unir os sofás amigos e a boleia dos caminhões com um orçamento econômico de mochileiro para um período sabático. Na entrevista para o Zanzemos ele conta um pouco sobre a experiência e incentiva os brasileiros a caírem na estrada. Vamos juntos desbravar o mundo?
De carona pelo mundo
ZANZEMOS – Como surgiu a ideia de realizar uma volta ao mundo de carona?
Florin Slabu – Tenho a ideia de viajar pelo mundo de carona desde 2010, quando completei a minha primeira grande viagem de carona, recorrendo a Europa por dois meses. O desejo de conhecer o mundo, sua gente, suas culturas foram o me motivaram a arrumar minha mochila.
Quanto tempo você demorou para preparar seu roteiro? Quais países estão na sua rota?
Estive pensando em minha rota há mais de 7 anos, porém a viagem sempre apresenta muitas surpresas, então o roteiro muda todo o tempo. Até agora percorri a Roménia, Bulgária, Turquia, Geórgia, Armênia, Irã, Emirados Árabes, Índia, Tailândia, Malásia, Singapura, Nova Zelândia, Chile, Argentina, Uruguai, Brasil, Paraguai e Peru. Daqui vou para o Equador, de onde comprei a minha passagem para a Europa. Depois não sei mais a rota que vou escolher para voltar para casa, na Romênia.
Tendo uma sólida formação na área social, como está sendo para você ter contato com a diversidade de culturas em diferentes continentes?
Minha formação na área social é o resultado de minha paixão e interesse sobre as culturas e as necessidades do mundo. Ter contato com as culturas muito diferentes da minha me ajudou a entender a diversidade cultural impressionante no nosso mundo. E me ajudou a entender que ao mesmo tempo somos diferentes e iguais, as necessidades básicas são iguais em todos os lados.
Até o momento, quais foram os locais mais encantadores que você visitou?
Vou mencionar dois países. Ira é um país único, com gente muito amigável, que te recebem em suas casas como se fosse membro da família, uma cultura antiga e uma culinária riquíssima. Viajar pelo Irã é uma experiência inesquecível que eu quero repetir. E Nova Zelândia é um país muito lindo, a ilha do sul é espetacular. As pessoas são muito abertas, amistosas e amam o contato com a natureza. É uma jóia no Pacífico! Difícil de chegar lá mas, vale 100% a pena.
Viajando todos esses meses sozinho, como avalia as coisas boas e ruins da solitude na estrada?
Estou viajando sozinho já fazem 8 meses. O bom é que assim falo mais com os moradores locais e também me ajuda a me desenvolver como pessoa. A parte ruim é que existem momentos que queremos dividir com alguém.
Muitas pessoas desconhecem ou se sentem inseguras com o CouchSurfing. Gostaria que você falasse um pouco da sua experiência.
Couchsurfing é muito seguro. Se você não confia nas pessoas, pode escrever apenas para as pessoas que tem referências no site. Com ele, posso dizer que tenho amigos em todo o mundo. Porém, vou dizer um segredo. Tem um outro website que se chama Trustroots, onde é mais fácil encontrar viajantes natos. Para fazer o registro é necessário um código de convite de alguém que já é membro. Assim, se tiverem leitores que querem fazer parte da rede, podem me escrever que compartilho o código.
Quais seus planos futuros depois que a viagem acabar?
Quando terminar a viagem vou tentar dar início a um projeto de turismo alternativo na Romênia. Quero ajudar as pessoas a verem o mundo de uma maneira mais natural.
Quais conselhos você daria para os viajantes brasileiros que, assim como você, também possuem o desejo de girar o mundo de carona?
Amigos brasileiros, olhem o mapa do mundo todos os dias. A vontade de viajar por ele virá rapidíssimo. Devem averiguar mais países necessitam de visto e se é fácil conseguir. Depois é só desenhar uma rota provisória. Se pode cantar, fotografar, fazer algo que te permite ganhar dinheiro durante a viagem é melhor. Assim, amigos brasileiros, arrume suas mochilas e vamos. Espero vocês em Romênia!!!
Durante a viagem Florin Slabu está escrevendo textos e compartilhando fotos pela sua página Hitch Earth. Acompanhe!
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