Tenho o vício, mania, gosto por fazer viagens solo. Antes eu até procurava companhia porém, agora não as procuro mais. A ideia de viajar sozinha pelo Egito colocou tudo isso em questão e em certo momento me vi um pouco confusa.
Depois da minha primeira viagem sem ninguém e de experimentar as delícias de decidir por completo um roteiro, confesso que temo ao pensar em dividir o caminho. Como me aventurar por terras distantes, sozinha em um país conservador, em uma região super populosa, sem falar bem inglês e com orçamento de mochileira?
Sim, passei algumas noites sem dormir, com aquele aperto no coração que só quem já teve que cortar um trajeto do mapa sentiu. A cada pesquisa me sentia mais confusa e o meu sonho de conhecer (em um primeiro momento) as pirâmides ficava cada vez mais distante.
Precisei de um tempo para conseguir encontrar o blog Revivendo Viagens da Renata Campos e encontrar enfim a Holaegypt Tours, uma agência egípcia que atende por todo o Egito e oferece em alguns destinos guias em espanhol. A grande vantagem deles são os preços acessíveis e visíveis no site. Achei bem honesto, pois explica todos os gastos a mais e os opcionais, além de conter uma tabela com os valores dos ingressos que são pagos à parte.
Todos os contatos com a Holaegypt Tours foram realizados por e-mail em inglês. Super paciente, a Anna Nagy foi a responsável pela organização da minha viagem. Sempre que tinha qualquer dúvida escrevia para ela e de maneira rápida e objetiva ela me respondia.
Contratei o Day Tour nas pirâmides de Giza, Sakkara e Memphis, no Cairo e o Tour de trem até Aswan e depois Cruzeiro no Nilo até Luxor (5 dias e 6 noites). Alguns amigos que fiz durante a viagem compraram seus pacotes na própria cidade com um preço mais em conta.
Na minha opinião, na cidade do Cairo só compensa fechar um pacote de passeios para as pirâmides. Além de serem distantes umas das outras, elas estão em uma região afastada e de carro é bem melhor. Sem contar da importância do contato com um egiptólogo para explicar cada detalhe das pirâmides e dinastias pertencentes. Samara, minha guia particular, teve toda a paciência para me ensinar e responder as minhas incansáveis perguntas tanto sobre a história do local quanto dos costumes praticados hoje pelos egípcios.
Você pode ir tranquilamente sozinha até o Museu do Cairo (e lá contratar um guia se sentir necessidade), a Cidadela, a Cairo Tower, comer Koskary ou ao Mercado Khan al-Khalili. Para quem assim como eu gosta de vivenciar a cultura local, acho importante ter esses momentos mais soltos.
Obviamente que por ser um país muçulmano e bem tradicional é preciso ficar atento na hora de escolher suas roupas, ainda mais se você for uma mulher sozinha andando pelas ruas. No primeiro dia como estava ainda me adaptando ao calor resolvi vestir uma blusa de manga curta (sem mostrar os ombros) e para a minha surpresa quase parei o Cairo. As pessoas se cutucavam para me ver passar. Homens, mulheres, crianças, idosos. Todos me olhavam. Pediram até para tirar fotos comigo.
É um misto de curiosidade e reprovação. Não gostei do que senti. Preferi passar calor e tentar ficar um pouco mais anônima.
A viagem de trem para Aswan durou 13 horas, na classe comum com ar-condicionado. Durante a viagem é possível comprar bebidas e snacks, porém preferi levar um kit lanche para encarar a aventura África adentro. O pacote com a Holaegypt Tours inclui todos os transfers. Sem eles confesso que seria impossível conseguir encontrar a plataforma e vencer a multidão de gente com a minha mala. Solo, meu motorista me deixou dentro do vagão e só saiu de lá quando o trem partiu.
Meu relato continua nos próximos capítulos…