Durante uma viagem, ao visitar uma cidade é importante conhecer não apenas os seus pontos turísticos, mas também a sociedade que ela está inserida. Assim funciona o Wall of Dolls (Muro delle Bambole), uma instalação artística localizada em uma rua no centro de Milão, para ampliar o debate sobre o feminicídio na Itália.
Os números que demonstram a violência contra a mulher no país são altos, por outro lado, cada vez mais o assunto tem ganhado espaço. Em contraponto com o “silêncio ensurdecedor” sobre o feminicídio na Itália nos anos anteriores, hoje o Muro das Bonecas é exposto em uma importante vida da cidade, incomodando quem ainda prefere fechar os olhos para a causa.
Il Muro Delle Bambole: arte contra a barbárie
Símbolo de luta contra a violência às mulheres, o Muro das Bonecas é um espaço de reflexão em pleno centro da cidade. Criada em 2014, a parede recebeu a instalação das bonecas por conta de uma iniciativa da artista local Jo Squillo que, com o apoio de artistas, escritores, cantores, poetas, médicos, associações e designers, viabilizaram o projeto.
Situada na Via Edmondo di Amicis, na parte de trás das Colunas de São Lorenzo, a instalação contou com uma força tarefa de talentos, para que fosse possível construir um grande mural com diferentes bonecas, remetendo a cada uma das mulheres que sofreram com o feminicídio na Itália.
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É simbólica também a forma como elas se encontram atualmente. Um painel com as fotos das mulheres mortas no último ano, faz um paralelo com a aparência das bonecas que, inevitavelmente, sofrem com a exposição diária no tempo. É triste.
Cruzes, flores e cartazes complementam o cenário, que hoje conta também com a contribuição solidária de quem se sensibiliza. É possível ver pequenos ramos secos, envoltos na tela que sustenta a obra.
Após a iniciativa de Milão, outras cidades da Itália também abrigam os seus próprios muros. São estas: Roma, Veneza, Genova, Brescia e Trieste.
Situação do feminicídio na Itália
Nos primeiros dez meses de 2020, o número de assassinatos de mulheres por situações que envolvem gênero, aumentaram com a quarentena, como apontam os dados do VII Relatório sobre Feminicídio na Itália, em comparação com o ano de 2019.
Foram registrados um assassinato a cada três dias. Na grande maioria deles, 80,8%, a vítima viveu junto com o próprio assassino, o que mostra a correlação entre a coabitação e o risco de homicídios.
A vida como ela (infelizmente) é
Uma das fotos que estão expostas no Muro das Bonecas é a da jovem estudante de medicina Lorena Quaranta, de 28 anos. Ela foi morta pelo namorado por asfixia, com a alegação que o ato ocorreu durante uma briga, por ele temer que ela estivesse infectada com o coronavírus. Ele tentou suicido logo após o crime, porém não concluindo, acabou chamando a polícia.
Investigações concluíram que na verdade o crime tinha sido premeditado, já que o mesmo dias antes havia manifestado para a família, o desejo de transferir o dinheiro de suas contas bancárias, para a de seus sobrinhos. O que mostra para a justiça, a consciência das consequências que uma prisão traria.
Outras histórias podem ser consultadas no site Feminicídio na Itália, onde são divulgadas notícias sobre o assunto, casos são contabilizados e histórias expostas.
Apoio à mulher
Aqui falamos de viagem, passeios e lugares, mas também nos aprofundamos em assuntos pertinentes à sociedade. Caso você esteja na Itália e precise de ajuda, o número de anti violência e perseguição contra a mulher é 1522. A ligação é gratuita e funciona 24 horas por dia.
Se você estiver lendo este texto e precisa de um apoio no Brasil, o número da Central de Atendimento à Mulher é 180. Se a ligação for feita a partir da Itália, ligue para 0800 172 211, disque 1 e informe o número 61 3799-0180.